Definição
Conceito criado por Freud como contraposição às
pulsões de vida (Eros) e que tende para a redução completa das tensões,
para a redução do ser vivo ao estado inorgânico.
Inicialmente voltada para o interior e tendente à autodestruição, é
secundariamente dirigida para o exterior, manisfestando-se então sob a
forma de pulsão agressiva ou destrutiva. (Laplanche e Pontalis
Vocabulario de Psicanálise, Ed. Moraes, Lisboa, 1976).
Histórico
Foi
no âmbito da restruturação de sua teoria sobre o aparelho mental,
conhecida como segunda tópica que Freud
introduziu este polêmico conceito, vindo à público no artigo Para
Além do Princípio do Prazer (Edição Standard da Obra Psicológica
Completa de Sigmund Freud, vol. XVIII; Ed. Imago, R.J.). Sua inserção
teórica provocou mudanças profundas nas concepções anteriores sobre a
ordenação pulsional, a
teoria do conflito, a
agressividade e a
compulsão à repetição.
Um
dos pilares da Psicanálise, a teoria do conflito foi inicalmente
concebida a partir da existência de idéias incompatíveis com o eu, as
quais tornando-se
conscientes ameaçariam a integridade mental por poder
alterar a representação ética ou estética que a pessoa teria de si
mesma. Com a elaboração da teoria da libido, Freud deslocou o
conflito para a oposição entre as pulsões do ego, que passaram a incluir
as de autoconservação, e a sexualidadade. Na
segunda tópica houve
uma nova compreensão do conflito, agora entre as forças de vida e as
forças destrutivas, o que obrigou a uma reordenação das pulsões: as
pulsões sexuais e as pulsões do ego, anteriormente concebidas como
antagônicas, foram conjugadas como pulsões de vida (Eros) e a pulsão de
morte (Tanatos) tendo como expressões as pulsões agressivas e
destrutivas. Esta última reformulação pulsional alterou o estatuto da
agressividade, que até então estava situada no seio das pulsões
de autoconservação, ligada à atividade e à necessidade de domínio sobre
o objeto e cujas expressões seriam o sadismo e, quando voltado
sobre a própria pessoa, o masoquismo.
Finalmente,
temos a transformação havida no conceito
compulsão à repetição,
inicialmente teorizado no texto Recordar, Repetir e Elaborar
(Edição Standard da Obra Psicológica Completa de Sigmund Freud, vol.
XII; Ed. Imago, R.J.) como sendo essencialmente relacionada ao esforço
mental de elaboração
das experiências traumáticas. Com a introdução da pulsão
de morte ela passa ao lado oposto, ficando associada às forças
destrutivas. “A compulsão à repetição rege uma força que é ainda mais
primitiva no ser humano, e portanto aquém do princípio do prazer, que é
silenciosa, e portanto sem representações, que se encontra em cada
célula do organismo, e que tem por objetivo restaurar um estado
anterior, o qual, por ser anterior ao estado atual e orgânico, só
poderia ser o estado inorgânico. Finalmente nomeia esta força: pulsão de morte (Todestriebe)” (Tenenbaum, D Pulsão de Morte – Dr. Freud,
um antropólogo? In Revista de Psicanálise do Rio de janeiro, nº 2,
setembro/1992)
Clínica
Como,
por definição, Freud considerava a pulsão de morte
silenciosa, isto é,
sem representações, ela só poderia ser clinicamente
observada quando associada às pulsões de vida. Mas com Melanie Klein e
seus discípulos, no movimento que ficou conhecido como “escola
kleineana”, este conceito passa a ter um papel quase central no
desenvolvimento teórico e no trabalho clínico desenvolvendo o estudo da
agressividade presente nas relações humanas.
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