Definições
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Estrutura mental que funciona em constante relação com as reinvidicações
do id, com os imperativos do superego e com as exigências da realidade.
Neste sentido, tem importante função nos processos adaptativos e de
interação ambiental.
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Sistema virtual que operacionaliza o funcionamento integrado dos
diversos sistemas (mnêmicos, volitivos, identificatórios, sensoriais,
perceptivos, cognitivos, afetivos,etc.) e programas mentais (de
aproximação da realidade e de interação ambiental em seus diferentes
níveis de relacionamento: íntimo, pessoal e social), tornando possível
a transformação dos fatos vividos (sejam impulsos, desejos,
situações reais, situações imaginadas e etc.) em experiências
existenciais.
Histórico
Embora seja um termo freqüentemente presente desde os primeiros
trabalhos psicanalíticos de Freud, só tomou o
sentido descrito em a) com a publicação do artigo O Ego e o Id (Edição Standard da Obra
Psicológica Completa de Sigmund Freud, vol. XIX; Ed. Imago, R.J.).
Em
toda a obra de Freud não fica delineada a distinção entre o ego como
pessoa, o ego como estrutura (instância) mental e a representação de si
mesmo (self). Heinz Hartman e colaboradores desenvolveram estudos na
direção do ego enquanto instância mental criando o que ficou conhecido
como a "Psicologia do Ego", enquanto que Heinz Kohut e seus colaboradores
estudaram mais o aspecto da representação do si mesmo no que ficou
conhecido como "Psicologia Psicanalítica do Self".
Clínica
O
grau de funcionalidade do ego é um elemento fundamental em todo
tratamento.
O
ser humano nasce num estado de indiferenciação psíquica, sendo que o ego
não surge logo e também não é apenas o resultado de uma diferenciação
progressiva e “natural” entre mundo interno e mundo externo. A
diferenciação entre ego, id e mundo externo é lenta e influenciada tanto
por fatores constitucionais quanto ambientais. Para poder lidar com as
demandas internas e as exigências externas sem se desorganizar, e também
para manter sua funcionalidade, o ego desenvolve mecanismos de defesa.
O
ego é uma experiência mental, enquanto que o eu é uma experiência
existencial. O ego é em grande parte inconsciente;
é o campo onde se
joga o conflito e é ele que sofre as conseqüências do
conflito.
São
duas as situações básicas presentes em praticamente todas as
experiências humanas que demandam um maior grau de funcionalidade
egóica, posto que as duas provocam alterações na configuração do ego.
Portanto, é em uma destas duas empreitadas que o ego mais comumente se
desorganiza:
a) a
realização de algum anseio (biológico, social ou cultural);
b) a
realização do trabalho de luto decorrente da perda de uma pessoa
significativa.
Caracterísiticas
Do
ponto de vista topográfico, ele é mais vasto
que o sistema perceptivo-consciente (Prcpt-Cs), na
medida em que seu funcionamento e, principalemente, seus
mecanismos defensivos são inconscientes;
seus conteúdos são regidos
pelo processo secundário
de pensar e
ele está em constante relação com as reivindicações do id, com os
imperativos do superego e com
as exigências da realidade, desempenhando a função mediadora e,
portanto, tendo uma autonomia relativa;
Do
ponto de vista econômico, possui uma
quantidade de energia ligada às suas pulsões;
Do
ponto de vista dinâmico, é o palco onde se dá
conflito, neste representando o polo defensivo; seus conteúdos são
regidos pelo processo secundário
de pensar;
Apresenta suas próprias formas de
resistência: a repressão, a
transferência e o lucro secundário
(integração do sintoma ao ego).
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