Rejeição (verwerfung)
 

Definição
Mecanismo de defesa descrito por Freud no âmbito dos seus estudos sobre o fenômeno psicótico.

Histórico
Este conceito surgiu em 1894 (As Neuropsicoses de Defesa in Edição Standard das Obra Psicológica Completa de Sigmund Freud, vol. III; Ed. Imago, R.J) para designar um mecanismo diferente da usual defesa neurótica (repressão). Neste artigo, estudando a confusão alucinatória ou psicose alucinatória, mas estendendo o mecanismo para “as outras psicoses comuns nos asilos”, Freud diz textualmente: “Existe uma defesa muito mais eficaz que consiste em o Ego rejeitar (verwirft) a idéia incompatível com o respectivo afeto e se comportar como se a idéia nunca tivesse ocorrido”. Explica, então, que o fato psicótico se deve a que a rejeição da idéia e do afeto  necessariamente se acompanha da rejeição do “pedaço de realidade” concernente a essa experiência.
Freud tembém empregou este conceito na descrição clínica do tratamento do Homem dos Lobos (Edição Standard da Obra Psicológica Completa de Sigmund Freud, vol. XVII; Ed. Imago, R.J), paciente considerado por Freud como psiconeurotico, mas que posteriormente abriu um quadro psicótico.

Clínica
Enquanto que a repressão (verdrängung) é utilizada para lidar com os estímulos pulsionais, a recusa (verleugnung) e a rejeição (verrwerfung), são usadas pra lidar com percepções da  realidade, interna e externa.
Enquanto na repressão (verdrängung) algo perde, temporariamente ou não, o seu sentido, na rejeição (verwerfung) esse algo deixa de existir, resultando um vazio mental que será preenchido pelo delírio e/ou alucinação.
Clinicamente, a rejeição (verwerfung) está relacionada com experiências descritas por Freud com o termo alemão versagnung, cujo significado é muito, mas muito mais forte que a tradução consagrou como frustração. O uso desta palavra em alemão pode chegar à força de um insulto do tipo: “você é um fracasso!”. Portanto, diz respeito a algo que seria tão violento para o indivíduo que a única saída para sua sobrevivência psicológica (representação de si mesmo) seria rejeitar completamente a experiência. E isso significa entrar no mundo psicótico.
A rejeição (verwerfung), portanto, está relacionada com uma experiência que, ultrapassando a capacidade egóica, engendra algum nível de ruptura do ego.
O delírio e a alucinação são tentativas de recuperação que trazem sempre algo verdadeiro da experiência que foi rejeitada.  

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