Desejo Filicida
 

Definição
Desejo de matar os filhos morram

Histórico
Importante componente motivacional da vida humana, o filicídio está presente, embora intensamente negado, em todos os grupos humanos, seja na forma de sacrifício a divindades (alguns intérpretes do Antigo Testamento afirmam que a passagem na qual o sacrifício de Isaac por Abrahão, seu pai, é substituído pela circuncisão representa a imposição do fim deste tipo de sacrifício pelo monoteísmo judaico), seja na forma simbólica dos rituais de iniciação (a representação da morte dos jovens e seu renascimento para o grupo formam uma parte importante do processo de socialização por induzir à identidade grupal), seja na forma de agressões parciais, físicas e psicológicas, ou na forma de assassinato, mutilação e abandono. Na mitologia grega existem vários exemplos: Cronos devorando os filhos, Laio mandando matar Édipo, Médeia matando os filhos. Na cinematografia, em “Os Outros” a personagem de Nicole Kidman mata seus filhos. Na coleção de lendas urbanas, existem várias histórias de babás (representantes maternos) que matam de forma cruel os bebês que deveriam cuidar.

Clínica
Arnaldo Rascovsky em seu livro “O Filicídio” (Ed. Artenova, RJ, 1974) afirma que o filicídio é o fato mais importante da patologia individual e grupal e está presente em várias situações clínicas, desde a violência doméstica até a psicose puerperal. Na luta entre as gerações, é a contrapartida do desejo edípico.
A percepção do desejo filicida dos pais é quase sempre reprimida, mas seus efeitos desorganizadores para o funcionamento mental estão sempre presentes.

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