História da pessoa |
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documento completo: O Ensino da Psicologia Médica |
Do diálogo que médico e paciente estabelecem entre si, além das várias histórias importantes para o registro clínico, transparece uma “história da pessoa” (proposta por Abram Eksterman em 1973 para inclusão no registro clínico de rotina do serviço do prof. Clementino Fraga Filho) que vai permitir o diagnóstico do doente. Esse diagnóstico está apoiado num triplo conjunto de informações significativas prestadas pelo doente, quando lhe é permitido expressar-se de forma espontânea para um médico interessado e atento: a) sua biografia, mais como a vivenciou do que como os fatos se passaram na realidade objetiva e cronológica; b) as circunstâncias de vida nas quais sobreveio sua enfermidade atual, bem como as circunstâncias nas quais adoeceu anteriormente; c) a maneira como se relaciona com o médico e se relacionou com os anteriores. "Os dados biográficos tornam o doente uma pessoa para
o médico e não apenas uma patologia. A vantagem é a singularização do
caso clínico com a conseqüente adaptação das medidas terapêuticas para
aquele doente. O conhecimento das circunstâncias de vida nas quais
sobreveio a enfermidade possibilita evitar a revivescência das mesmas
circunstâncias morbígenas no relacionamento clínico. A relação
médico-paciente pode ser fonte de graves iatrogenias, agumas das quais,
como já foi exposto, induzidas pelo paciente, sem que o médico disso se
aperceba. A compreensão da relação médico-paciente permite uma aliança
criteriosa com o doente. O estudo da patologia somática leva a 'o quê'
da terapêutica; o estudo da pessoa do doente e da relação
médico-paciente leva ao 'em quem' para poder se chegar ao como da mesma
terapêutica. O chamado bom senso, tato, bondade, espírito humanitário
não está aqui em pauta, sem menosprezar estas qualidades. Importa, no
caso, é o estudo do doente através do qual seja possível desenvolver
métodos seguros na condução dos objetivos da terapêutica." |