Em construçãoUma mulher de trinta anos, casada e sem filhos,
portadora de esclerose múltipla já há alguns
anos, foi encaminhada para tratamento pela Psicologia Médica por estar apresentando
um desânimo que a sua médica não encontrava justificativa orgânica.
Na entrevista inicial, relatou ter sido perdido quase toda a motivação de viver
e, poucas semanas antes, tentou expulsar o marido de casa “para não mais atrapalhar
a vida dele”.
Moça bastante tímida e reservada, casou-se no final da adolescência “para poder
sair de casa”, onde nunca se sentiu verdadeiramente amada.
Sua doença apareceu em uma época muito boa de sua vida, quando ela e o marido já
tinham conseguido se estabilizar financeiramente e estavam começando a se desenvolver
profissionalmente.
A partir da constatação de
que a paciente se sentiu colocada diante morte com o surgimento da doença, discutiu-se,
inicialmente, diferentes técnicas e abordagens
para o trabalho psicoterápico de elaboração
da doença e da finitude existencial.
Em seguida, o tema da patogenia
psicossomática se colocou ao ser mencionado como um paradoxo o fato da doença ter
surgido em um momento conjugal positivo e em uma situação de vida favorável.
A hipótese de que a emergência da possibilidade de desenvolvimento pessoal ter funcionado
como um agente estressor foi levantada e
sugeriu-se uma melhor investigação dessa circunstância.
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