Resumo da Reunião Clínica
 

Um homem de pouco mais de quarenta anos, viúvo, foi internado para a retirada de um tumor benigno localizado no cérebro, cujos sintomas (confusão, cefaléia e perda da visão de um olho) surgiram acerca de quatro anos. Na época cuidava de sua esposa, que faleceu há um ano em decorrência de um câncer ginecológico. Ao internar-se, o paciente estava bastante ansioso com a cirurgia e também com a sua própria vida, que sentia ter parado com a morte da esposa. O paciente foi operado com sucesso, mas no pós-operatório apresentou um episódio de agitação psicomotora no qual retirou abruptamente o cateter de soro do braço ao mesmo tempo em que dizia que o soro estava enegrecido e que iria matá-lo.

A discussão foi iniciada com a lembrança de que a diminuição abrupta de fatores da coagulação e da imunidade são causas frequentes de intercorrências per (hemorragias) e pós-operatórias (infecções), e que ambas podem ser desencadeadas por estresse agudo. Ressaltou-se a importância do preparo psicológico pré-operatório como prevenção desse tipo de estresse, e que estar perfeitamente informado sobre a equipe cirúrgica, sobre a cirurgia, sobre os efeitos anestésicos e o despertar no pós-operatório, além da possível presença de acompanhante no procedimento, são elementos importantes nesse preparo pré-operatório. Foi lembrado também que a perda de confiança na equipe cirúrgica é comumente acompanhada da experiência de perda do espaço de segurança, fator importante no desencadeamento de estresse agudo, ainda mais em um paciente em meio a um processo de luto. Finalmente, foi assinalado que o episódio de agitação no pós-operatório, no qual o paciente sentiu-se ameaçado pela morte, pode estar relacionado com vicissitudes do processo de luto que o paciente está passando.