Resumo da Reunião Clínica
 

Um homem de pouco mais de quarenta anos, casado e com vários filhos, foi internado para se submeter a uma cirurgia reparadora de uma estenose medular cervical, que estava lhe provocando fortes dores lombares e parestesias nos membros superiores. O atendimento ao paciente foi solicitado porque o mesmo estava muito ansioso, inquieto, repetindo que não sabia o que seria feito com ele e que não entendia o que os médicos lhe explicavam. Sua esposa, por seu lado, apresentava uma atitude oposta: tranquila e parecendo saber exatamente o que seria feito na cirurgia e como seria o pós-operatório, sempre recomendava ao marido que não importunasse os médicos com muitas perguntas. Ao lado dela, o paciente parecia um menino, até fisicamente, pois seus biotipos eram opostos. O paciente teve apenas dois atendimentos antes da cirurgia, a qual transcorreu sem problemas e com um ótimo pós-operatório imediato. O paciente saiu de alta assintomático.

Inicialmente, foi ressaltado que o estado ansioso do paciente associado à incapacidade cognitiva para entender as informações fornecidas pela equipe médica são sinais de um estado regressivo costumeiramente observado nas situações de internação, que Abram Eksterman denominou de Síndrome de Internação, mas a atitude também regressiva do paciente para com a esposa foi considerada um indício de que o quadro regressivo do paciente não se limitava à situação atual, denotando uma incompetência egóica mais ampla. Foi lembrado que essa dinâmica regressiva diante da equipe médica é um poderoso indutor de atitudes. O objetivo de diminuir o estresse hospitalar e as ansiedades emergentes relacionadas com o procedimento cirúrgico foi plenamente atingido nesse caso.