Resumo da Reunião Clínica
 

Uma paciente de pouco mais de quarenta anos, casada e sem filhos, foi encaminhada para acompanhamento ambulatorial com a Psicologia Médica com o diagnóstico de depressão. Apesar da aparência jovem e bem cuidada, sua fala é algo rebuscada, sem nenhum colorido afetivo e sempre com a necessidade de tomar um fôlego. Sua mímica facial e gestual também é pobre. Relatou já ter feito quase vinte anos de acompanhamento psicológico sem obter nenhuma melhora. Sente que sua vida é sem sentido, vê tudo cinza e sem cor. Seu marido também faz tratamento para síndrome do pânico e ambos não conseguem sair de casa e trabalhar já há algum tempo, razão pela qual estão em sérias dificuldades financeiras. Em seu relato disse ter presenciado a morte várias vezes: fez um aborto na adolescência, perdeu os pais e logo depois, um filho com 7 meses de idade.

A partir da constatação de que a paciente está inconscientemente caminhando para a morte social com um grave embotamento afetivo e uma angústia constante relacionados com a existência de desejos de morte, foi levantada a questão: qual o tipo de ajuda que esta paciente está procurando e que até agora não encontrou? A resposta foi: se livrar do crônico sentimento de culpa decorrente do aborto realizado na adolescência. As mortes subsequentes acabaram reforçando a idéia de que ela seria um agente da morte, razão pela qual merece o castigo da morte, no caso a morte social.
A segunda pergunta formulada foi como oferecer a ajuda em um ambulatório de massa? Discutiu-se longamente a melhor técnica a ser utilizada para diminuir o embotamento afetivo defensivo da paciente, pois sem se conseguir isso não se conseguirá diminuir a intensidade da morte dentro dela.
A terceira questão levantada foi sobre a semelhança entre as sintomatologias da paciente e do marido.