Resumo da Reunião Clínica
 

Uma mulher de quase 50 anos, viúva há 3, com uma terrível história de vida que inclui ter sido a única filha criada na casa de estranhos, estupro e abortos na adolescência, casamento com violência física e a perda de 2 filhos envolvidos com a criminalidade, foi encaminhada para tratamento psicológico ambulatorial com o membro da equipe de Psicologia Médica associada à enfermaria. Sem nenhuma queixa específica, a paciente dizia-se apenas confusa, sem saber o que fazer da vida desde a morte do marido e com fala e mímica completamente sem emoções. A paciente continua em tratamento.

A discussão foi iniciada pela distinção entre os objetivos do trabalho da Psicologia Médica na enfermaria, sempre voltados para o espaço intermediário da assistência, no qual estão incluídos todos os envolvidos no tratamento do doente internado, e os objetivos do trabalho psicoterápico, sempre voltados para a vida mental do paciente. Passando-se ao exame do caso propriamente dito, debateu-se longamente os objetivos terapêuticos e as estratégias clínicas adequados ao caso apresentado, cuja característica mais marcante era o extremo embotamento afetivo da paciente, praticamente uma anestesia emocional, que só ocorre em situações extremas que ultrapassam a capacidade do ego elaborar as experiências vividas.