Resumo da Reunião Clínica |
Uma mulher de pouco mais de 20 anos, solteira e trabalhando no magistério, foi encaminhada para tratamento ambulatorial por apresentar distonia cervical acompanhada por disfagia, com emagrecimento importante, e depressão, com algumas tentativas de suicídio. Por se queixar de tudo e de todos porque nada estaria suficientemente bom e ninguém gosta dela, a paciente acaba induzindo um clima hostil (rejeitador) em todos os locais que frequenta, o que reforça suas queixas. A paciente refere que nunca viu sentido na vida, mas que tudo piorou aos 19 anos, quando surgiram os “puxões” no pescoço e os desvios abruptos da cabeça, que a obrigaram a interromper sua preparação para o vestibular. Ela perdeu a mãe repentinamente aos 4 anos devido ao rompimento de um aneurisma cerebral. Ela e o irmão foram criados pelos tios porque o pai não quis ficar com eles (sic). A paciente continua em tratamento. O primeiro ponto discutido foi a diferença entre a concepção da paciente, de que seus problemas começaram com o surgimento da sintomatologia, e a concepção da terapeuta, de que sua sintomatologia é parte de problemas bem mais antigos.Em seguida, discutindo-se o diagnóstico de luto patológico, a importância de o tratamento ajudar a paciente elaborar a perda precoce, portanto, traumática da mãe foi assinalada. Psicodinamicamente, foi aventada a possibilidade de a paciente ter vivido alguma experiência difícil na esfera da sexualidade em torno dos seus 19 anos, da qual se defendeu através da identificação com seu objeto interno, no caso uma mãe morta.Finalmente, foi discutido também o papel adaptativo dos sintomas psicossomáticos e psíquicos e o risco da tentativa de normalização do paciente. |