Resumo da Reunião Clínica
 

Uma adolescente de 15 anos foi encaminhada para tratamento ambulatorial por apresentar quadro de psoríase desde a infância, além de conflitos familiares, principalmente com o pai. A paciente praticamente não consegue conviver com o pai ”porque ele está sempre gritando e é um grosso. A casa ficou muito melhor quando os ele saiu de casa” (quando o casal passou por uma breve separação conjugal). A paciente teve apenas um namoro, o qual foi por ela abruptamente encerrado logo no início quando sentiu repulsa ao contato da saliva ao beijar o namorado. Segundo a paciente, a crise psoriásica atual se iniciou durante um trabalho escolar, no qual ela desentendeu-se com os colegas, mas foi também o primeiro trabalho no qual o pai participou ativamente. A paciente sente-se interiormente pressionada pelo fato de ainda não ter-se definido profissionalmente e sobrecarregada com a proximidade do vestibular. A paciente continua em atendimento.

A discussão foi iniciada com a constatação de que se trata de mais um caso, entre tantos acompanhados em nosso ambulatório, no qual que pode ser observada a relação entre certas doenças dermatológicas, no caso a psoríase,  e conflitos relacionados com a identidade de gênero. Entrando na psicodinâmica do caso em questão, foi ressaltado que o sentimento de sobrecarga, tanto cognitiva quanto afetiva, está relacionado a problemas no desenvolvimento egóico, possivelmente decorrentes da existência de lacunas cognitivas na experiência edípica da paciente. Em seguida, examinou-se o possível efeito do comportamento paterno na indefinição sexual da paciente. Finalmente, conjecturou-se a possibilidade de chamar o pai para algumas entrevistas de orientação dentro da perspectiva de retirar possíveis entraves para o desenvolvimento do ego da paciente.