Resumo da Reunião Clínica |
Uma mulher de quase 60 anos, casada há mais de 30 anos
e mãe de 3 filhos adultos iniciou recentemente acompanhamento ambulatorial encaminhada
pelo médico assistente por apresentar episódios de cefaléia e
ansiedade há vários
anos, depois da derrocada financeira do marido, que nunca mais conseguiu se reerguer,
tornou-se uma pessoa irritadiça e começou a fazer uso abusivo e regular de bebidas
alcoólicas. A família passou a ser sustentada pelos filhos, um dos quais abriu um
quadro de vitiligo. Ela e os
filhos atribuem ao marido e pai todos os problemas familiares. Todos sentem muita
vergonha pelo fracasso do pai e também pela queda das condições de vida da
família. Apesar dos exames neurológicos, clínico e laboratoriais, nada terem evidenciado e de seu médico assistente ter reforçado a importância do tratamento psicoterápico, a paciente foi procurar outra opinião médica, que aventou a possibilidade de a paciente ter uma arterite temporal e indicou uma biópsia, o que rapidamente interessou a paciente. A paciente continua em tratamento.
A partir da constatação de que a paciente apresenta um quadro clínico de estresse crônico relacionado a uma condição de impasse existencial decorrente da incapacidade de elaborar sua situação de vida, discutiu-se o encaminhamento do processo terapêutico. Em primeiro lugar, foi sugerido o estabelecimento de um espaço segurança através do estabelecimento do vínculo terapêutico e da abertura de um espaço interlocução para se diminuir o estresse. Em virtude do risco de a paciente se submeter a exames desnecessários a partir do interesse por ela demonstrado em encontrar uma doença orgânica que justificasse seus sintomas e uma possível síndrome de eutanásia devido à conjugação entre impasse existencial e um intenso sentimento de vergonha, foi também sugerido que se buscasse encontrar e desenvolver algum interesse da paciente a partir do qual pudesse haver melhora da auto-estima e diminuição do intenso sentimento de vergonha dela. |