Uma senhora de pouco mais
de 60 anos, procedente de área rural, separada e mãe de 2 filhos, o primeiro morto
logo após o parto, trabalhando como recepcionista, foi encaminhada para tratamento
ambulatorial pelos seus superiores por estar muito
ansiosa e, com isso, prejudicando
o atendimento. Sua fala, além de acelerada e parecer um diálogo cênico no qual ela
contracenava com ela própria, era formada
por temas que se sucediam através de associações não evidentes
para o terapeuta dando ao discurso um formato confuso.
Sua história pessoal é marcada
por perdas significativas e traumáticas: perdeu o pai, única pessoa que realmente
amou (sic) aos 5 anos de idade, e 3 dos seus 4 irmãos mais velhos morreram ainda
crianças de uma doença endêmica em sua região natal, além do 1°
filho, que morreu com 1 mês de nascido. Sua única irmã viva é paraplégica desde
a infância e foi engravidada pelo segundo marido de sua mãe. Foi criada por uma
família que a adotou aos 8 anos e casou-se com pouco mais de 20 anos após quase
5 anos de namoro. Só depois de casada é que descobriu que o marido, pessoa com aparência
masculina, pelos pelo corpo e barba, era uma mulher. Mesmo assim ficou casada 10
anos, separou-se apenas para engravidar, não manteve nenhum contato com os pais
de seus filhos e mantém contato com o “ex-marido” até hoje. Logo após a morte de
seu primeiro filho ficou tão profundamente deprimida que não conseguia sair da cama
e precisou fazer uso de medicação psiquiátrica. A paciente continua em tratamento.
A partir do
diagnóstico de
estrutura narcísica como defesa contra uma depressão infantil importante
e provavelmente relativa a um
luto patológico, com um funcionamento mental
limítrofe (borderline)
com a psicose, discutiu-se qual seria a melhor
técnica psicoterápica e o objetivo
terapêutico com essa paciente. O objetivo de instrumentalizar o
ego a lidar
melhor com a invasão de
processo primário de pensar na consciência
através da técnica de
ser um ego auxiliar para a paciente foi consensual.
|