Resumo da Reunião Clínica |
Um paciente de pouco mais de trinta anos, filho único, de aparência juvenil, solteiro,
desempregado e ainda vivendo com os pais, foi reinternado para nova cirurgia de
retirada de um tumor cerebral benigno, de consistência cística e localizado na região
occipital. Em sua primeira internação, há dois anos, referiu a mesma sintomatologia:
cefaléia e diminuição da acuidade visual. Habituada com a reincidência deste tipo
de tumor, a equipe estranhou a piora acentuada da visão, não encontrando nenhuma
justificativa clínica para a não melhora da dificuldade visual do paciente, que
relatou uma acentuada piora neste aspecto, referindo estar completamente cego no
momento. A partir dos elementos psicodinâmicos de natureza histriônica apresentados pelo paciente (postura sedutora, por vezes feminina, denotando uma indefinição na identidade de gênero, comportamento regredido e inibido em sua ação, intensa vida de fantasia, de natureza compensatória, na qual a sexualidade estava denegrida, associada à violência e culposa), discutiu-se a possibilidade dele ser portador de amaurose histérica, e a importância da elucidação dessa hipótese diagnóstica junto à equipe médica, que sem encontrar justificativas clínicas para a cegueira referida pelo paciente, estava para operá-lo de um tumor cerebral com a possibilidade de estar sendo inconscientemente induzida por ele a realizar uma cirurgia mais extensa do que o necessário por conta da queixa de dificuldades visuais crescentes. Finalmente, abordou-se o uso psicoterapêutico das informações obtidas de outras pessoas que não o paciente. |