Resumo da Reunião Clínica
 

Um rapaz de quase vinte anos, solteiro, foi internado para pesquisa diagnóstica de cefaléia frontal+dispnéia em repouso+náuseas e vômitos a qualquer alimento com início há quatro meses. Rapaz muito tímido e de comportamento regredido, não conseguiu prestar nenhuma informação sobre seus sintomas e praticamente não conseguiu conversar com a psicóloga. Todas as informações foram prestadas pela mãe, de quem era muito dependente. Por esta ficou-se sabendo que o paciente fez tratamento para convulsão a partir dos quinze anos, tendo sido este o motivo alegado para seu afastamento dos estudos, razão pela qual o paciente concluiu apenas o primeiro grau. Também fez uso de medicação ansiolítica ainda criança, depois de presenciar o assassinato de um tio aos nove anos de idade.  Por outro lado, a mãe ainda o via como um bebê e assim o tratava. O paciente entrou em pânico assim que chegou à enfermaria, não queria ficar internado de maneira nenhuma, fez referência a ter medo de morrer no hospital e passou o primeiro dia de internação chorando copiosamente o tempo todo. Permaneceu muito ansioso no dia seguinte, mal conseguindo conversar, e no terceiro dia sua mãe veio retirá-lo do hospital para que ele fizesse o tratamento mais perto de casa. Não houve tempo para se iniciar a pesquisa da hipótese diagnóstica de linfoma aventada pela equipe médica.

Por se tratar de um caso no qual fica evidente a importância da criação do espaço terapêutico, sem o qual nenhum tratamento é possível, discutiu-se possíveis estratégias clínicas para se diminuir o quadro de intensa ansiedade do paciente em relação à internação. Foram apresentadas duas sugestões: a) a contra-indicação da internação do paciente, cuja pesquisa diagnóstica deveria ser feita em regime ambulatorial; b) atendimento psicológico também para a mãe do paciente, que apresentava dificuldades em dele se afastar decorrente de uma relação de apego inseguro (Bowlby) e geradora da insegurança demonstrada pelo paciente em dela se afastar, além de focar o atendimento psicológico do paciente na criação de um espaço de segurança. Durante a reunião também foi aventada a possibilidade do paciente ser portador de epilepsia e de déficit intelectual.

retornana