Resumo da Reunião Clínica |
Uma mulher de pouco mais de quarenta anos, casada e mãe de dois filhos, vivendo em casa construída no terreno dos pais, foi internada para se submeter a uma colecistectomia após duas crises de dores abdominais. Portadora de cálculo na vesícula biliar, cujo tamanho indica longa evolução, sofreu a primeira crise álgica há pouco mais de quatro meses durante um almoço familiar; o segundo episódio ocorreu um mês depois, em novo encontro familiar, ambos transcorridos em clima alegre e festivo. Pesquisando as circunstâncias da eclosão das crises, a terapeuta ficou sabendo que no primeiro encontro familiar a paciente, em meio a reflexões sobre sua vida, se deu conta do envelhecimento dos pais e da possibilidade de vir a perdê-los; no segundo, soube dos planos do filho se casar após concluir a faculdade. A paciente foi operada com sucesso com um ótimo pós-operatório. O primeiro tema a ser discutido foi a dificuldade da paciente lidar com as perdas e separações que fazem parte da vida (perda dos pais, casamento dos filhos), e o tipo de reação que ela teve ao tomar consciência da proximidade de algumas delas: a paciente apresentou uma reação orgânica e não psicológica, como seria mais adequado, o que poderia caracterizar aquilo que Pierre Marty chamou de pensamento operatório. Ao invés de apresentar um quadro de angústia de separação, a paciente apresentou um quadro que se poderia chamar de estresse de separação. Finalmente, discutiu-se a correção do preparo psicológico realizado no pré-operatório ter se centrado na elaboração dessas perdas. |