Resumo da Reunião Clínica |
Uma senhora de pouco mais de cinquenta anos de idade, de aparência envelhecida e debilitada, casada e mãe de três filhos, foi internada por perda progressiva da visão e cefaléia há quatro meses devido a um tumor intracraniano benigno. Enquanto aguardava sua cirurgia, que a equipe considerava de bom prognóstico, permaneceu deitada em seu leito quase o tempo todo. Pouco comunicativa, quase nada falou com seu psicólogo e quando o fez foi através de monossílabos. Recebia apenas a visita de uma sobrinha, que informou que a paciente perdeu um neto de três anos de idade durante uma cirurgia para correção de uma cardiopatia congênita há dois anos e que os filhos não a visitavam porque não tinham tempo (sic). Não se ficou sabendo de praticamente nada da história da paciente, que contraiu uma pneumonia e veio a falecer de um ataque cardíaco antes de poder ser operada.
Inicialmente, discutiu-se
se o retraimento da paciente era parte de um síndrome
psicorgânico cerebral de origem tumoral ou se era decorrente de um
desinvestimento libidinal da vida.
Em seguida, foi discutido como acompanhar
pacientes terminais e como lidar com a presença da morte evitando-se o risco de
condutas e/ou atitudes iatrogênicas. |