Resumo da Reunião Clínica |
Uma mulher de quase trinta
anos, bastante emagrecida, casada e com uma filha de oito anos, foi encaminhada para
tratamento ambulatorial com o diagnóstico de anorexia nervosa e história de dois
tratamentos psicológicos realizados anteriormente sem sucesso. Há oito anos, grávida
de três meses em sua primeira gestação, recebeu o diagnóstico de que seu bebê era
anencéfalo. Legalmente obrigada a levar a termo a gestação, após o parto não conseguiu
ver sua filha e nem ir ao enterro. Perdeu o interesse pela vida e começou a emagrecer.
Um ano depois, deu a luz a uma menina da qual precisou separar-se por oito meses,
quando o bebê estava com três meses, porque havia contraído
tuberculose pulmonar. Na discussão do caso, abordou-se, inicialmente, o comprometimento do desenvolvimento da sexualidade da paciente, que confirma a conhecida relação existente entre a anorexia nervosa e problemas no desenvolvimento psicossexual. Em seguida, foi discutida a situação traumática, dificilmente elaborável pela paciente, ocorrida logo no início de sua vida conjugal e o papel defensivo que para ela tem seu erotismo exacerbado. Finalmente, discutiu-se a importância do cuidado na condução do tratamento desta paciente em virtude da intensa depressão mascarada pelo erotismo. |