Resumo da Reunião Clínica |
Uma mulher de mais de sessenta anos, solteira, negra,
de estatura baixa e magra, com um tom de voz baixo e com uma constante expressão
facial de tristeza, iniciou tratamento ambulatorial há bem pouco tempo por apresentar
quadro de labilidade emocional. Filha mais velha, ao nascer foi a única a ser dada
pela mãe para ser criada por familiares distantes. Dessa família, onde vivia como empregada
doméstica e foi abusada pelo tio, foi para um orfanato onde permaneceu até seus
oito anos recebendo visitas esporádicas apenas do pai. Em seguida, foi para a casa
de outra família onde foi impedida de estudar e tinha todas as obrigações da casa.
Saiu dessa casa aos catorze anos e desde então trabalha como empregada doméstica
morando no local de trabalho. Nunca teve nenhum namorado por ter aversão a qualquer
contato mais próximo com homens. Disse se incomodar muito quando não a deixam fazer
o que quer ou da forma como quer fazer. Atualmente, vive um conflito interior com
a sua atual patroa, pois desenvolveu fortes sentimentos maternais pela filha pequena desta patroa e não concorda com a maneira como ela é tratada pela mãe. A própria paciente
diz saber que a menina não é sua filha, mas sente como se ela fosse a filha que
não teve. Seu estado de humor nas sessões psicoterápicas frequentemente oscila
entre o choro copioso e a raiva intensa, principalmente da mãe. |