Resumo da Reunião Clínica
 

Um homem de quase quarenta anos, separado, pai de duas filhas que não vê há sete anos, morador de rua, dependente químico de álcool e drogas e portador de AIDS, foi internado devido a intenso emagrecimento, febre, tosse com secreção e dores nas costas decorrentes de recidiva de tuberculose, agora disseminada em vários pontos do organismo. Perdeu a mãe aos oito anos e o pai foi viver com outra mulher três anos depois. Foi criado por um parente para quem começou a trabalhar logo em seguida. Começou a usar álcool e drogas na adolescência e veio para o Rio quando a sua mulher não aguentou mais viver com ele. Desde então vive de pequenos biscates na rua. Não soube dizer há quanto tempo é portador do HIV e pareceu não seguir o tratamento de forma regular. Apesar do seu péssimo estado, continua fazendo uso de bebidas alcoólicas e de drogas, mesmo durante a internação. Seu estado emocional oscilou entre sentir-se uma vítima das circunstâncias da sua própria vida e julgar-se um lixo de pessoa, razão pela qual nunca mais procurou suas filhas.

A partir da constatação de ser este um caso cujo prognóstico é reservado em virtude do paciente não aderir ao tratamento, já estar muito depauperado pela doença e não ter nenhum apoio social, discutiu-se o valor terapêutico do vínculo humano, estratégias possíveis para o acompanhamento psicológico deste paciente e a alienação como instrumento de sobrevivência.

retorna