Resumo da Reunião Clínica
 

Um rapaz de pouco menos de trinta anos, solteiro, foi internado com febre, diarréia e intensa fraqueza. Portador de AIDS, ele apresentava um quadro de tuberculose disseminada em vários órgãos. Oriundo do nordeste do país, há vários anos vivia longe de seus familiares e só mantinha contato, esporádico e por telefone, com a mãe. Passando grandes dificuldades, foi morador de rua por algum tempo, dela sendo resgatado com a ajuda de uma pessoa que se tornou seu namorado. Há três meses começou a sentir fortes dores na barriga e iniciou uma verdadeira peregrinação pelos hospitais públicos em busca de tratamento. Ao dar entrada em nosso hospital o paciente, já bastante emagrecido e depauperado, veio a falecer em poucos dias. Durante seu período de internação foi acompanhado pelo membro da equipe de Psicologia Médica associada à enfermaria com quem pode falar da perda do pai aos 11 anos, da infância muito pobre, da saudade de sua mãe que a pobreza separou e manteve distante e de sua vinda para o sul, fugindo da pobreza.

A partir da constatação de ser este caso um sintoma de nossa doença social, a discussão teve dois momentos. No primeiro momento, debateu-se a crise vivida pela nossa sociedade na qual vidas são perdidas desnecessariamente por conta de uma política de saúde que mantém hospitais sem condições de fazer atendimentos adequados e forma médicos despreparados para a assistência; no segundo momento, tentou-se responder à pergunta: além de presença e conforto, o que a Psicologia Médica pode fazer de específico em um caso como esse.

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