Resumo da Reunião Clínica |
Uma mulher de quase sessenta anos foi internada para a retirada cirúrgica de um
dos dois
tumores benignos localizados na base do crânio. Há dois meses ficou
sabendo que suas tonteiras e a perda da acuidade auditiva de um dos ouvidos eram
devidas a existência desses tumores e que o maior deveria ser retirado primeiro.
Mulher de sorriso fácil e olhar triste, estava muito ansiosa
com a cirurgia
e dizia não poder morrer porque tinha um filho doente que precisava muito dela.
Durante os atendimentos contou que ela e seus irmãos foram criados por diferentes
famílias porque a mãe os abandonou ainda crianças pequenas e o pai não podia criá-los
por precisar trabalhar. Aos dezessete anos fugiu da casa onde era criada com um
namorado com quem viveu apenas um ano, voltando depois para a casa onde vivera.
Casou-se anos depois, teve dois filhos e mais uma vez foi deixada: o marido “a trocou
por outra mais jovem”. Contou ainda que só veio a conhecer o amor quando conheceu
um homem mais jovem, com quem viveu por quase vinte e separou-se por não concordar em
se converter à religião dele para casar. Nessa mesma época seu pai adotivo faleceu,
começou a sentir-se deprimida e apresentar as tonteiras. Reencontrou sua mãe biológica
já na maturidade e disse ter se decepcionado com ela: esperava encontrar carinho
e amor, mas a mãe biológica era pior do que a adotiva
(sic). Nessa época também veio a saber
que, por um erro de seu pai, foi registrada
com um nome diferente do seu. A cirurgia foi realizada com sucesso, mas no período
per-operatório a paciente gritou muito que estava doendo e que estavam machucando
seu nariz. O pós-operatório transcorreu sem nenhum problema e a paciente não se
lembrava do ocorrido durante a cirurgia. Ela saiu de alta devendo retornar para
a segunda operação. |