Resumo de Reunião Clínica |
Uma mulher de mais de setenta
anos, casada e mãe de dezoito filhos, foi internada pela primeira vez em sua vida
devido a litíase biliar. Informou que vinha sentindo dores abdominais
há mais de dez, que se agravaram há três anos, mas só há poucos meses procurou ajuda
médica. Embora o tratamento para o seu problema seja cirúrgico, ainda não conseguiu
ser operada por ser hipertensa e diabética. Assim que se internou as dores abdominais
quase que desapareceram e a diabete e a hipertensão começaram a ser controladas,
mas devido a alterações eletrocardiográficas não pode ser operada. Recebeu alta
com encaminhamento para a cardiologia. A discussão foi iniciada pela compreensão psicodinâmica do caso, na qual foram ressaltados: a possível formação reativa da paciente diante do desejo filicida do pai que a levou a ter dezoito filhos, o luto patológico relacionado com a perda de sua filha e, ligado a ele, a pouca disponibilidade interna da paciente em buscar ajuda médica levando-a a padecer por mais de dez anos de uma dor abdominal crônica e a não tratar adequadamente a diabete e a hipertensão e a repressão do componente agressivo. Ao ser abordado o tipo de alta que a paciente recebeu, aventou-se a possibilidade da agressividade reprimida ter sido projetada na equipe médica influenciando na decisão de não operar a paciente e encaminhá-la para outra equipe. |