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Resumo de Reunião Clínica |
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Data | Supervisor |
21.02.2008 | Dr. Giorgio Trotto |
Uma mulher de pouco mais de quarenta anos foi internada por apresentar problemas
visuais e fortes dores de cabeça. Perdeu os pais ainda criança e foi criada por
uma avó até os doze anos de idade, quando resolveu sair de casa e começar a trabalhar.
Aos quinze teve sua primeira filha, tendo engravidado em sua primeira relação sexual.
Poucos anos depois, teve suas outras duas filhas, das quais já tem netos. Relatou
que sempre se sentiu insatisfeita e insegura até fazer a laqueadura das trompas
e tornar-se homossexual após o nascimento de sua última filha. É
hipertensa e, nos
últimos anos, tem sofrido muito com a dependência química de uma das filhas, a qual
tenta ajudar de todas as formas que pode. Acha que suas cefaléias se iniciaram quando
descobriu o problema de sua filha. Na época procurou tratamento, mas só agora lhe
foi diagnosticada a presença de dois grandes
aneurismas cerebrais e soube
que as dores de cabeça são devidas a aumento de sua pressão arterial, que
faz com que as artérias dilatadas pressionem áreas de seu cérebro. Devido a dificuldades
institucionais, a cirurgia foi adiada várias vezes, mas foi realizada com sucesso.
No momento, a paciente aguarda ser chamada para a cirurgia do segundo aneurisma.
A partir do conhecimento que as situações de agressão da vida necessitam de elaboração enquanto que os conflitos psicológicos demandam transformação psíquica para serem solucionados, abordar psicoterapicamente as questões que a paciente trazia sobre a homossexualidade dela implicaria em realizar um trabalho de transformação psíquica, que sempre engendra ansiedade, além de demandar tempo e experiência profissional. Tempo para esse trabalho não havia e a ansiedade que ele com certeza criaria teria o risco de provocar um aumento de pressão arterial com risco de vida para a paciente. Por outro lado, abordar a culpa consciente e inconsciente da paciente em relação à doença da filha diminuiria sua ansiedade depressiva, reduzindo as tensões pré e per operatórias e o risco de complicações per e pós cirúrgicas. Por fim, foi abordada a ambivalência da paciente em relação aos seus objetos internos e o possível papel reparador em relação a esses objetos que o excelente trabalho realizado pela dupla psicóloga e médico teve para a paciente. |