Resumo de Reunião Clínica
 

Um homem de oitenta anos foi internado para diagnóstico e tratamento de uma tumoração em uma das axilas. Como há, aproximadamente, um ano havia retirado um carcinoma espinocelular no tórax, havia uma grande probabilidade desta massa ser um nódulo metastático já infeccionado, o que foi confirmado mais tarde.

Sendo semi-analfabeto, lutou muito para se profissionalizar e seu handicap o levou a se apoiar muito na esposa e a apresentar uma timidez no contato inicial com as pessoas, que também estava presente na relação com a equipe assistencial.

Seu filho predileto faleceu em um acidente automobilístico ocorrido há vinte anos e do qual sua esposa saiu com várias seqüelas que a tornaram praticamente inválida e das quais veio a falecer há dez anos. Após esta perda assumiu totalmente a casa e a criação dos filhos, mas com certo ressentimento que o levou a se distanciar um pouco dos filhos e a dedicar seu afeto à criação de animais.

Houve certa demora no resultado da biopsia e, devido a sua timidez que o impedia de questionar a equipe em relação à demora na definição do seu diagnóstico e tratamento, o paciente ficou mais ansioso. O paciente foi transferido para o INCA onde foi operado e está dando continuidade ao tratamento.

 

 

A discussão foi iniciada pelo exame dos efeitos iatrogênicos que a conjugação entre problemas institucionais e aspectos emocionais individuais pode ter nos pacientes e até em membros da equipe assistencial.

Em seguida, foram abordados os aspectos psicodinâmicos mais relevantes do caso: a auto-estigmatização do paciente, o efeito que as perdas tiveram na vida dele e o tipo de vínculo transferencial que ele estabeleceu com a equipe assistencial.

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