Resumo de Reunião Clínica |
Uma mulher de quase quarenta anos, solteira e com uma filha pequena, reinternou-se para
nova cirurgia de retirada de um tumor de hipófise.
Ela mesma dizia que não
se cuidava direito, não seguindo o tratamento depois das cirurgias. Desta vez o
tumor havia crescido novamente e estava comprimindo o quiasma óptico causando perda
parcial da visão de um dos olhos, que pela demora em se operar já era irreversível.
Contou que sua vida foi muito conturbada: era muito revoltada e não gostava de viver
por conta da violência do pai e de suas freqüentes traições. Acabou provocando a
saída de casa do pai ao mandar a mãe escolher entre ela e ele por não suportar mais
a passividade da mãe, que nada fazia em relação às traições do marido. Anos depois
o pai morreu assassinado. Sempre se relacionou com homens casados, para fazê-los
sofrer e também para fazer as mulheres deles sofrerem como a mãe dela sofreu. Notou
que mudou após o nascimento de sua filha, que é fruto de um relacionamento, que
não consegue terminar, com um homem casado. Não se dá bem com seu irmão mais velho
por achá-lo muito parecido com o pai. Vive com a mãe e a filha. Sustenta as duas
e ainda ajuda financeiramente os irmãos.
A discussão se iniciou pelo exame do elemento principal da
psicodinâmica da paciente: o papel central do ódio na vida mental dela. Este ódio, em relação
à mãe, pela passividade dela, e em relação ao pai, por suas traições e violência,
acabou impedindo-a de estruturar uma experiência
edípica, incapacitando-a
para a vida afetiva. A culpa
inconsciente decorrente deste ódio estava levando
a paciente a não se tratar adequadamente, com o risco de acabar impelindo-a buscar,
inconscientemente, a morte. Nestas situações, o objetivo da Psicologia
Médica é
evitar a ocorrência do que Abram Eksterman chama de
síndrome de eutanásia. |