Resumo de Reunião Clínica |
Uma mulher de quase cinquenta
anos, viúva e mãe de dois filhos, internou-se com um quadro de dores
abdominais e ascite iniciado há dois meses. Foi solicitado
atendimento pela equipe de Psicologia Médica associada à enfermaria
porque a paciente estava irritada, agressiva, reclamando de tudo e se
recusando a tomar a medicação. Não confiava na enfermagem e temia
receber alguma medicação errada ou ser contaminada com algum germe e
acabar morrendo. Já havia se atritado com quase toda enfermagem e com
alguns médicos fazendo com que a equipe começasse a pensar em alta
administrativa. Após ser dito que o caso apresentado mostrava com nitidez os dois campos de ação da Psicologia Médica: a experiência do paciente com a doença e a experiência da equipe com o paciente, ambas levando ao risco de fracasso terapêutico, abriu-se o debate sobre o quadro psicodinâmico inicial da paciente, francamente esquizo-paranóide e que só cedeu com a notícia do diagnóstico. Sentindo-se inconscientemente perseguida pelos fantasmas dos filhos mortos, projetava o medo de ser morta por estes fantasmas na equipe, o que estava funcionando como uma indução à rejeição (alta administrativa). Em seguida, o tema da morte e suas representações psicológicas foi discutido com profundidade. |