Um
homem
de cinquenta
anos
,
solteiro,
foi internado
para
investigação
diagnóstica
de uma
incapacidade
de
andar
com
início
há
mais
de
três
anos.
Após
quase
um
mês
de
internação,
os
exames
complementares
confirmaram a
hipótese
diagnóstica
de polineuropatia
sensitiva
de
membros
inferiores,
provavelmente
por
uso
abusivo de
bebidas
alcoólicas. O
paciente
praticamente
não
recebeu nenhuma
visita
durante
a
internação
e saiu de
alta
logo
após
receber
o
diagnóstico.
Seu
pai
saiu de
casa
levando o
paciente
e
sua
irmã
quando
ainda
eram
muito
pequenos.
Assim
que
pôde, fugiu da
casa
do
pai
para
voltar
a
viver
com
sua
mãe,
que
já
havia se
casado
novamente
e
tinha
mais
dois
filhos.
Apesar
dos
maus-tratos,
dedicou
sua
vida
à
mãe.
Desde
muito
cedo
trabalhou, e
não
casou,
para
poder
sustentá-la.
Nunca
estabeleceu
nenhum
relacionamento
amoroso
e,
exceto
por
pequenos
períodos
motivados
por
trabalho,
viveu
sempre
com
a
mãe,
que
faleceu
por
atropelamento há quinze
anos.
Mesmo
achando
que
foi
um
bom
filho,
sentia-se culpado
por
não
ter-se dedicado
mais
a
ela
e
por
não
ter
conseguido
cuidar
dela a
ponto
de
evitar
sua
morte.
A
apresentação
deste
caso
clínico
possibilitou a discussão sobre as motivações
inconscientes
deste
tipo
peculiar
de
relação
interpessoal,
na
qual
uma
pessoa
se dedica a
outra,
se
esforça
em
agradá-la de
diferentes
maneiras,
mesmo
sendo
por
esta maltratado.
Com
contornos
sado-masoquistas, foi
observado
que
este
tipo
de
dedicação
é
geralmente
acompanhado
por
sentimentos
contraditórios
de
culpa
e de
injustiça
ao
mesmo
tempo,
e
que
podem
ser
entendidos
através
da ambivalência de
sentimentos
inevitavelmente
presente
nestas
relações.
Psicodinamicamente,
trata-se de uma
pessoa
que
dedicou
toda
sua
vida
à
fantasia
de
ser
o
homem
de
sua
mãe.
Várias
dúvidas
quanto
ao
diagnóstico
e à
relação
do
paciente
com
a
sua
doença e com a equipe,
elementos
fundamentais
quanto ao
prognóstico
e objetivo
terapêutico
da
Psicologia
Médica
em cada caso,
não
puderam
ser
respondidas. |