Uma
senhora
de 73
anos,
hipertensa,
foi internada
devido
a
um
episódio
de
hemorragia
digestiva
alta.
Proveniente de
um
serviços
de
emergência
da
rede
pública,
deu
entrada
com
muito
medo
de
estar
com
câncer.
Ambos
os
pais
faleceram
com
esta
doença.
Este
foi
um
dos
temas
predominantes
nos
atendimentos
feitos
por
um
dos
membros
da
equipe
de
Psicologia
Médica
associada
à
enfermaria.
O
outro
foi a
sua
infertilidade,
que
a levou a
adotar
uma
criança
há
muitos
anos
e
com
quem
tem uma
relação
conturbada.
Estes
temas
estiveram
presentes
em
todos
os
encontros
psicoterápicos, de
diferentes
formas,
às
vezes
beirando a
interpretação
delirante
como
quando
disse
que
os
mosquitos
fêmeas
sugaram
sua
fertilidade
deixando-a
incapaz
de
gerar
filhos.
Os
exames
realizados revelaram a
presença
de
divertículos
no intestino.
A
paciente
saiu de
alta
para
acompanhamento ambulatorial aliviada
com
o
fato
de
não
ter
câncer
e,
por
isso,
achando
que
não
tinha
nada.
Discutiu-se
com
profundidade
se o
peculiar
funcionamento
mental
da
paciente,
caracterizado
pelo
fato
dela
tentar
explicar,
recorrentemente,
fatos
significativos
de
sua
vida,
como
a
doença
e a infertilidade, utilizando-se de
situações
passadas
e
atuais
sem
maiores
relações
com
os
próprios
fatos,
revelava uma psicodinâmica
psicótica
ou
não.
Também
neste
sentido
está o
fato
dela
estar
tão
dominada
pela
fantasia
de
ter
um
câncer
como
os
pais
a
ponto
de
sair
de
alta
sem
considerar,
nem
mesmo
ouvir,
seu
diagnóstico.
A
reunião
foi encerrada
com
a
discussão
sobre
as
possíveis
relações
entre
sintomas
orgânicos
e o
funcionamento
mental. |