L., uma
mulher
de
pouco
mais
de 50
anos,
foi internada
para
se
submeter
a uma colecistectomia
devido
a
cálculos
na
vesícula
biliar.
De
família
muito
pobre
e sendo a
mais
velha
de uma
prole
de 9
filhos,
L.
muito
cedo
começou a
ajudar
a
mãe
nos
cuidados
da
casa
e dos
filhos.
Seu
pai,
homem
muito
rigoroso
e
violento,
não
a deixou
estudar
por
muito
tempo
e costumava
dar
surras
nos
filhos,
no
que
era
apoiado
pela
mãe.
Aos 14
anos
foi
trabalhar
como
empregada
doméstica.
Está
casada
há
pouco
mais
de 20
anos
e tem
apenas
1
filho.
Há 4
anos
começou a
sentir
dores
abdominais,
mas
desistiu de se
tratar
porque
na
mesma
época
sua
mãe
foi operada às
pressas
e
ela
ficou cuidando da
mãe.
Há 1
ano
foi
levada
a
um
pronto-socorro
após
desmaiar
numa
crise
de
dor
muito
forte.
Foi
quando
soube
que
deveria
fazer
a
mesma
cirurgia
que
a
mãe.
Mulher
muito
tímida
e envergonhada,
pouco
falava
com
a
equipe
assistencial.
Com
grande
dificuldade,
revelou
suas
suspeitas
de
ter
um
caroço
no
seio
e sentiu-se
muito
mal
ao
ser
examinada
pelo
médico.
Também
ficou
muito
surpresa
e
ansiosa
ao
saber
que
iria
para
a
cirurgia
sem
calcinha.
A
cirurgia
foi
um
sucesso
e o
pós-operatório
transcorreu
sem
nenhum
problema.
Partindo da
observação
de
ser
este
um
caso
exemplar
de uma
pessoa
que
não
procura
tratamento
por
sentir
vergonha
de se
desnudar
diante
do
médico,
discutiu-se
com
profundidade
a psicodinâmica da
relação
baseada
em
timidez
e
vergonha
que
certos
pacientes
estabelecem
com
o
corpo.
O
objetivo
da
Psicologia
Médica,
que
é
retirar
as
impregnações
irracionais
presentes
no
campo
terapêutico
e
assim
diminuir
o estresse e
otimizar
o
tratamento,
neste
caso
foi conseguido abrindo-se
espaço
para
a
elaboração
do
sentimento
de
vergonha
da
paciente,
o
qual
poderia
transformar
o
desnudamento
na
cirurgia
em
um
evento
traumático
que incrementaria o estresse
cirúrgico, aumentando os
riscos
per
e
pós-operatórios
e as
dificuldades
pessoais prévias da
paciente
procurar
um
médico para se tratar. |