Resumo de Reunião Clínica |
Uma mulher
de pouco mais de 40 anos internou-se por apresentar lesões avermelhadas
nos membros inferiores, na face e nas costas, há mais de 7 anos, com
períodos de melhora e piora. Durante o acompanhamento por um dos membros
da equipe de Psicologia Médica do C.M.P. associada à enfermaria, contou
ter tido um pai violento e revelou ter sido vítima de dois
estupros no
início da adolescência. Casou-se aos quinze anos e separou-se, com uma filha
ainda bebê, após várias traições do marido. Casou-se novamente com um
homem muito mais velho, com quem vive há mais de vinte anos, para que a
filha pudesse ter um pai e ela tivesse alguém para ampará-la. Vive um
momento de crise conjugal na qual tem muitas queixas do marido e,
inconscientemente, deseja livrar-se dele por ver nele muitas semelhanças
com seu próprio pai.
A discussão
foi iniciada ressaltando-se ser este mais um caso de doença
dermatológica intimamente relacionada com dificuldades na esfera da
sexualidade. O caso mostra
uma clara relação entre a revolta
inconsciente da paciente com
as figuras masculinas e o trauma
psicológico que foi vítima. Ainda neste tema, foi observado que o
próprio trauma psicológico na área da sexualidade pode servir como
elemento defensivo contra os desejos e sentimentos inconscientes
relacionados com a sexualidade. No caso em discussão, foi apontado que a
lembrança do trauma também estaria funcionando como uma
lembrança encobridora, que
mantém inconsciente os desejos eróticos, potencialmente culpabilizantes,
relacionados com a própria experiência traumática. |