Resumo de Reunião Clínica |
Uma
mulher de 55 anos, nascida numa pequena cidade do interior nordestino,
tendo começado a trabalhar já aos cinco anos para ajudar na
sobrevivência da família, separada, de baixa estatura e corpulenta,
chamava a atenção por sua aparência descuidada, pelo excesso de pelos em
seu rosto, sempre despenteada e vestida com roupas velhas
e fora de moda. Todo esse quadro piorava por conta do aspecto que a
doença lhe conferia: a pele de todo o corpo muito ressecada, descamando
continuamente e formando um depósito de fragmentos que se espalhavam por
todo o ambiente. Casou-se aos 21 anos “sem saber o porquê”, teve 3
filhos e está separada há 3 anos. Viveu a separação como uma grande
humilhação e desde então nunca mais se interessou em ter um companheiro.
Embora soubesse das traições do marido e se sentisse só devido à falta
de interesse pessoal e sexual dele, nunca pensara em separar-se. O primeiro tema a ser discutido foi a relação entre o aspecto repulsivo das doenças dermatológicas, a rejeição alheia, a auto e a hetero estigmatização. Em seguida passou-se a discutir a relação observada entre algumas doenças dermatológicas (psoríase, vitiligo, prurido e eczema) e a existência de uma incapacidade de elaborar a vida sexual. A freqüência com que a pele expressa falhas muito precoces no relacionamento mãe-bebê foi assinalada e foi ressaltado que estas falhas nas relações primitivas costumam induzir a um édipo precoce, o que é sempre potencialmente desorganizador para a mente. Encerrou-se a reunião com a discussão sobre o aspecto melancólico que a paciente apresentava. |