Resumo de Reunião Clínica |
Uma mulher de 58 anos, casada, há um ano começou a sentir dores de cabeça, labirintite e a queixar-se de ter ficado com a memória fraca. Atualmente não consegue mexer as pernas e queixa-se de depender das pessoas. Foi internada para submeter-se a tratamento cirúrgico de um neurinoma do acústico e hidrocefalia. Criada com suas irmãs e irmãos pelo pai e tias desde seus 7 anos, só soube que a mãe não havia morrido quando com 20 anos. Durante a internação apresentou um quadro constituído por idéias de cunho persecutório e alterações sensoperceptivas, visuais e olfativas. Após a cirugia, realizada com sucesso, o quadro de desorganização mental se agravou. A paciente se tornou mais angustiada, surgiram idéias delirantes de envenenamento e os episódios alucinatórios exacerbaram-se, tudo girando em torno da certeza da morte de seus familiares. Por
ser um caso limite entre a neurologia e a psiquiatria, o debate se
iniciou com a discussão acerca do diagnóstico do quadro psicopatológico
apresentado pela paciente. Ficou-se em dúvida se antes da cirurgia a
sintomatologia era delirante (psicótica) ou deliróide (histriônica) e se
os episódios de alteração da sensopercepção seriam alucinatórios
(psicóticos) ou de alucinose (psico-orgânicos), embora houvesse consenso
que, depois da cirurgia, o quadro psicopatológico foi francamente
delirante, portanto psicótico. Nestes casos, proceder-se ao diagnóstico
diferencial entre um quadro psicótico funcional e um sindrome
psico-orgânico é de crucial importância para o correto encaminhamento do
tratamento. E, para este fim, é fundamental saber-se se o quadro
psicopatológico é anterior ou posterior ao aparecimento do quadro
neurológico. Um dos procedimentos lembrados foi o de procurar obter
informações a respeito da personalidade pré-mórbida através de
interconsultas com a equipe médica e de consultas com a família. |